quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Sérgio Cabral transfere ilegalmente para Bangu I bombeiro preso por negociar greve

Segundo a lei, nenhum militar pode ser detido em presídio comum. O mandado de prisão deve ser cumprido em quartéis ou prisões militares. E aí, governador?

Terra Notícias

RIO - O cabo do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro Benevenuto Daciolo, que aparece em gravações telefônicas divulgadas pelo Jornal Nacional articulando greve das polícias do Rio, foi levado para o presídio de segurança máxima de Bangu I. Daciolo foi preso durante a madrugada desta quinta-feira no Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim, quando retornava de Salvador. O comando dos bombeiros decretou sua prisão depois da divulgação das gravações em que o cabo negocia uma possível votação da PEC 300, a emenda constitucional que garantiria um piso salarial único para bombeiros e policiais de todo o Brasil.

Daciolo foi levado no início da manhã do quartel general dos bombeiros para Bangu I por ordem do comandante Sérgio Simões. A iniciativa visa evitar uma invasão do quartel como ocorreu no ano passado durante a greve da classe, que acabou com atuação violenta do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da polícia do Rio. O cabo fica em Bangu por pelo menos 72 horas, até a Justiça definir se decreta sua prisão temporária. Segundo Simões, ele será indiciado por crimes militares como incitamento e aliciamento de motim.

Gravações
De acordo com o Jornal Nacional, uma das gravações mostra Daciolo conversando com um homem chamado de "importantíssimo" sobre uma possível votação da PEC 300. "Eu estou com uma assembleia geral amanhã no Rio de Janeiro, com a abertura de uma greve geral no Rio também, com probabilidade de não ter Carnaval nem na Bahia nem no Rio esse ano. E São Paulo acho que está para dar uma resposta agora e os outros Estados também", diz ele.

Em outro trecho, Daciolo recebe de uma mulher o conselho para tentar atrasar a paralisação na Bahia. "Daciolo, Daciolo, presta atenção. Está errado fechar a negociação antes da greve do Rio", afirma ela, que pede que ele volte ao Rio de Janeiro e ajude a deflagrar a greve no Estado. "Se vocês garantirem a greve aqui, a mobilização aqui, vocês vão ajudar eles a liberar o Prisco, a ter uma negociação."

Matéria originalmente publicada no Terra Notícias